http://aeiou.expresso.pt/a-lata-dos-enfermeiros-segunda-parte=f573701#commentbox
Olá Olá Caros leitores do nosso 8º Esquerdo,
Como todos sabemos, há por aí um jornalismo de opinião de vão de escada, que se atreve a publicar num jornal de referência nacional, algumas considerações sobre a profissão de enfermagem que apenas revelam ignorância, falta de rigor, de ética e de deontologia profissional!!! Não resisti a enviar-lhe também (a ele e ao expresso) a minha opinião sobre o seu artigo... até porque como disse uma vez uma actriz neste país a propósito de um assunto bem sério... "as opiniões são como as vaginas, quem quer dá-las dá-las..." mas há o limite da decência e do bom senso no rigor e profissionalismo com que tudo isto se faz!!! ;) ;)
Partilho com todos vós a minha opinião sobre o artigo do Sr. Henrique Raposo!!!!
Os habituais beijinhos e abracinhos para todos vós!!!!
Catarina Tavares
Exmos. Srs.
Venho por este meio exercer o meu direito de resposta a um artigo publicado no vosso jornal, isto porque considero fundamental que o vosso jornal use de maior rigor na publicação de artigos de opinião, a exigência de conhecimento sobre os assuntos sobre que se opina é o mínimo exigível aos vossos cronistas.
Remeto o email para este endereço de email uma vez que não o consegui publicar na vossa secção de comentários, dirijo-me seguidamente ao Sr. Henrique raposo.
Com as melhores saudações,
Catarina Tavares
Enfermeira
Exmo. Sr. Henrique Raposo,
Boa tarde,
Permita-me que começe por me identificar, Catarina Tavares, e sim, sou Enfermeira!
Começo por lhe dizer que li o seu "artigo de opinião" no Expresso, e que de alguma forma fiquei triste, indignada e até irritada com o que o senhor escreve. Eu sei que é um artigo de opinião e como tal o Sr. tem direito à sua. Mas, há um problema, o Sr. tem a responsabilidade social de estar a escrever para hipoteticamente milhões de leitores, pessoas que o vão ler, que se vão indagar sobre as verdades que o Sr. emite na sua opinião, pelo que isso lhe dá ainda a responsabilidade acrescida de escrever sobre um assunto que conheça profundamente, ou então de fazer investigação para poder escrever sobre um assunto que desconhece.
Um jornal ou uma pessoa não deve publicar artigos, que não tenham por base um trabalho de campo rigoroso e sério sobre determinado assunto. O dever de informar, de esclarecer os cidadãos, de fazer serviço público com a informação, exige rigor jornalístico, exige trabalho de campo, exige fontes de informação credíveis, exige análise de dados... não me parece que se tenha preocupado em o fazer!
Peço desculpa, mas a sua opinião nesse artigo, revela ignorância sobre o trabalho dos profissionais de enfermagem, o Sr. revela não saber nada sobre as suas funções e as suas competências, o Sr. revela, felizmente para si, não ter precisado até agora de cuidados de saúde e de cuidados de enfermagem. O sr. revela desconhecer a evolução sociológica de uma profissão na sociedade em que habita. Revela ainda, dar ouvidos e créditos a mitos sobre lutas interclasses que não estão na base dos protestos da enfermagem nesta altura, o Sr. revela desconhecer como são as greves dos profissionais de enfermagem neste país... e eu tenho muita pena que assim seja... e que o Sr. com a sua opinião baseada apenas e só no senso comum e nas conversas de café com dois ou três amigos que imagino eu, tiveram más experiências com profissionais de enfermagem (há bons e maus profissionais em todo o lado e em todas as profissões... inclusive no jornalismo...), contamine a opinião pública que atentamente o segue... Sim porque o Sr. tem essa responsabilidade, esclarecer a opinião pública.
Eu não o vou maçar muito mais, até porque como deve calcular, tenho muito para fazer, todos temos hoje em dia nesta sociedadezinha que criámos. Contudo, permita-me que acrescente a este meu direito de resposta, dois ou três aspectos que carecem de algum esclarecimento:
1 - A marcação da greve, não favorece a esmagadora maioria dos enfermeiros nas férias que o Sr. refere. Isto porque os Enfermeiros trabalham por turnos, trabalham ao Sábado, domingo, feriados, épocas festivas, como Páscoa, Natal, passagem de ano, etc... (é como os jornalistas, trabalham quando há notícia), assim sendo, não sei que férias são estas de que fala... esclareça-me por favor... Gostava ainda de o informar, que o cumprimento de serviços mínimos não dá qualquer hipótese aos Enfermeiros de se ausentarem para sítio nenhum, sabe porquê... porque temos de ir trabalhar (curioso de greve a trabalhar), imagine ainda que para isso, por vezes em alguns serviços, os enfermeiros, têm de ir trabalhar apenas parte do turno, têm de se deslocar, têm de pagar essa deslocação, como num dia normal de trabalho, e não recebem o seu salário normal, porque claro, se estão de greve, nesse período não auferem o seu salário. Não sei como podemos fazer estas férias que o Sr. refere, não entendo.
2 - Eu sei que o Sr. sabe que, legalmente a carreira médica e de enfermagem estão classificadas exactamente no mesmo grau de complexidade, é assim está na lei... mas nem tão pouco isso é o mais importante, o mais importante é o Sr. entender que a questão que está em cima da mesa nesta altura, não é uma luta inter classes, o que está em causa, é o reconhecimento e revalorização da profissão de enfermagem, ponto. Quem fez comparações entre a carreira de enfermagem e a carreira médica foi o Sr., mas uma vez mais, revelando um desconhecimento atroz do que se passa nos serviços de saúde. A questão não é quem tem mais responsabilidade, a questão é, cada um dos profissionais tem as suas responsabilidades!!! Temos inclusive "objectos" de trabalho diferentes se formos pensar em trabalhar com base num modelo biomédico ou holístico, "o objecto" de trabalho dos enfermeiros são as pessoas e as suas capacidades na doença ou em processos de transição de vida, e o do médico, são as patologias e os diagnósticos dessas pessoas. Mas isto também não é o mais importante, agora, o Sr não iria entender...Gostaria que reflectisse é que, nos serviços de saúde existem equipas pluridisciplinares com funções específicas que têm como objectivo ajudar as pessoas nos seus processos de doença ou eventos da sua vida (nascimento, luto, etc), e que as classes que compõem essas equipas pluridisciplinares têm cada uma delas a sua função. Um dia, se o Sr. precisar de cuidados de saúde, talvez entenda o que são cuidados de enfermagem!!!
3 - Aquilo que o Sr. denomina "limpar rabos aos velhinhos"... acho que foi assim que escreveu, não é mais que a prestação de cuidados de higiene e conforto, que na verdade requer saber e competência em determinadas circunstâncias... eu não vou aqui tecer mais comentários sobre o que isto é, nem explicar-lhe conceitos da esfera dos cuidados de enfermagem... mas dizer-lhe que se outros profissionais (assistentes operacionais) o fazem em algumas circunstâncias, fazem-no sobre supervisão de enfermagem e mediante o estabelecer de prioridades na prestação de cuidados, que é também uma das funções dos enfermeiros.
Esperando não o ter maçado, e com a certeza de que o que escrevi, não resolve a sua "ignorância" sobre o assunto sobre que opinou, desafio-o a ir passar algumas horas em algum local de prestação de cuidados de saúde para que possa ficar mais esclarecido!
E... peço-lhe uma coisa, em próximos artigos de opinião que publique, não o faça de ânimo leve como o fez desta vez, documente-se, investigue, estude, procure fontes credíveis para poder falar sobre qualquer temática, porque senão vou ser OBRIGADA a dizer-lhe como disse Juan Carlos a Hugo Chavez... "PORQUE NO TE CALLAS"!!!!
Com as melhores saudações,
Catarina Tavares
ENFERMEIRA
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2 comentários:
Aqui está uma verdadeira resposta à moda da Catarina!!! E sim!!! Seria um prazer que este "sr" se calasse! era uma alegria para toda a classe!!! Mais uma vez fico orgulhosa de um elemento do 8º esquerdo... é por estas e por outras que somos o que somos e com MUITO ORGULHO! ENFERMEIROS, SIM SR!!!
Adorei.
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